Karina Leiro mostra espetáculo com o ritmo que ganha novos adeptos no Recife
Espetáculo de Karina Leiro conta com oito bailarinas, três músicos e um ator
Divulgação
Hoje, no palco do teatro Luiz Mendonça, no Parque Dona Lindu, em Boa Viagem, o Festival de Dança do Recife recebe um espetáculo pouco comum em seu repertório. Às 19h, a bailarina e diretora Karina Leiro apresenta o mais novo produto da companhia batizada com seu nome. O espetáculo Bailaora chama atenção em alguns aspectos: uma apresentação de flamenco com elenco, produção e inspiração pernambucanos.
Com oito dançarinas, quatro músicos e um ator, Karina bebeu do poema “Estudos para uma Bailaora Andaluza”, de João Cabral de Melo Neto, para construir o roteiro sobre uma dançarina de flamenco em busca da identidade afirmada pela dança e o encontro com o amor. “O elenco é todo composto por alunas que se integram à minha companhia”, diz ela, indicando como o espetáculo é uma evidência do aumento do interesse, no Recife, pela dança andaluza reconhecida como Patrimônio Cultural Imaterial da Humanidade pela Unesco. “Em seis anos de companhia, eu já formei vários dançarinos, homens e mulheres”, diz Karina, uma baiana filha de espanhóis radicada no Recife. “Fiquei muito surpresa com a grande procura dos recifenses pelo flamenco”, ela diz.
Com aulas no Instituto Cervantes, no Derby, e numa academia de danças no Espinheiro, Karina conta hoje com cerca de 40 alunos. “Tem aparecido cada vez mais gente”, diz ela, que começou no balé clássico teve sua formação em flamenco na Espanha.
Além de Karina, a dançarina e professora Maria Laura Herrero, nascida na Argentina, dá aulas de flamenco no Recife. “Quando eu cheguei aqui, havia outra professora e Laura, que é pioneira na cidade”, comenta. “O interesse é variável, mas sempre tem aparecido novos interessados. Flamenco é um ritmo que pode ser dançado e aprendido em qualquer idade”, diz Maria Laura.
Uma dessas novas convertidas ao flamenco é a diretora de arte e figurinista Andrea Monteiro. “Foi uma chamado de alma. Laura me convidou para experimentar uma aula e eu fiquei apaixonada. Acho que o flamenco é uma dança de empoderamento feminino. Comecei a praticar, estudo as histórias, os ritmos. Racionalmente, não sei explicar muito bem. É uma dança que se espalha do plexo solar para o corpo todo”, diz. “Não é uma dança fácil, exige muito envolvimento”.
A professora Maria Laura Herrero, fundadora da companhia pernambucana Cia La Luna, tinha 25 anos quando, aluna de balé clássico do Teatro Colón, em Buenos Aires, foi convidada para experimentar uma aula de flamenco. “Foi uma identificação estantânea, sempre me identifiquei com a passionalidade”, diz ela, que teve formação com a bailarina Perla Fernandez e Jorge Luiz, casado com Conchita Espanha, membros do balé de Antonio Gadez que participaram do cultuado filme Carmem, de Carlos Saura.
Militante da cultura flamenca, Laura trouxe, ano passado, o argentino Claudio Arias, seu professor e amigo, para uma apresentação no Teatro Arraial, no Centro do Recife, ano passado. Na apresentação, Arias interagiu com músicos locais e com a cantora Renata Rosa cantando um aboio e cocos. “Há diferenças muito sutis entre o flamenco praticado na Espanha e na América Latina. Mas a principal característica é que ele vem da alma para o corpo, tem uma condição mutante, vai incorporando elementos das culturas que encontra, coisas da vivência. Quis aproximar meu jeito de fazer flamenco com a cultura pernambucana”, diz ela, que dirigiu o espetáculo.
Laura possui alunos de várias faixas etárias. “Com exceção dos muito pequenos, qualquer pessoa pode fazer a dança. Até uma pessoa idosa com dificuldade de locomoção. Porque até sentado se dança, usando leques, as palmas e o movimento de mãos”, ela diz.
Identificado com a cultura cigana, o flamenco surgiu entre povos nômades que passaram pela Andaluzia. O flamencólogo Manuel Ríos Ruiz publicou em 1988 o Dicionário Ilustrado do Flamenco "Considera-se que o cante, o baile e o toque da guitarra flamenca constituem, em seu conjunto, uma arte. Seus estilos, criados sobre bases folclóricas, canções e romances andaluzes hão ultrapassado valores populares, alcançando uma dimensão musical superior, cuja interpretação requer faculdades artísticas de todas as ordens. Ainda que o flamenco, cante, baile e toque, mantenha um sentido estético sumariamente popular e próprio do povo andaluz”, define.
Na apresentação de hoje, A Cia. Karina Leiro conta com os músicos Eduardo Bertussi (guitarra flamenca), Elena Diz (cajón e cante), Lucas Almeida (violoncelo) e Mek Natividade (cajón) acompanhando as coreografias ao vivo.
Espetáculo Bailaora – 20º Festival Internacional de Dança do Recife. No Teatro Luiz Mendonça - Parque Dona Lindu (Avenida Boa Viagem, s/n), às 19h.
Ingressos: R$10 e R$5 (meia), comprados na bilheteria do teatro. Aulas de flamenco no Instituto Cervantes, informações pelo 3334-0450. Aulas da Cia La Luna, informações pelo 9838-5404 e 9105-1044.
Fonte: http://jconline.ne10.uol.com.br/canal/cultura/artes-cenicas/noticia/2015/10/20/flamenco-toma-conta-do-festival-de-danca-hoje-204304.php
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